Paulo Manna (Beato)
Obra da União Missionária
Quinto dos seis filhos de Vincenzo e Lorenza Ruggiero, Paulo Manna nasceu no dia 16 de Janeiro de 1872, em Avellino, Itália. Em 1887 ingressou nos Salvatorianos, pois desejava ardentemente ser missionário. Em 1891 deixou a Congregação Salvatoriana para ingressar no Seminário Lombardo para as Missões Estrangeiras de Milão e foi ordenado sacerdote em 1894, aos 24 anos de idade. Neste mesmo ano foi enviado à Birmânia para trabalhar entre os indígenas da tribo Ghekku. Aí permaneceu durante 12 anos e fundou a missão de Mamblò. Destacou-se através dos conhecimentos linguísticos e métodos de inculturação. Em 1907, por graves motivos de saúde teve de voltar a Itália e passou a dedicar-se na promoção, sensibilização e conscientização missionária dos cristãos, revelando os seus talentos de organizador e escritor. Em 1909 publica o livro “Operarii autem pauci”, com cinco edições e várias traduções. Escreveu inúmeros livros e estudos sobre as missões. Várias das suas ideias foram, depois, retomadas nos documentos missionários: “Ad Gentes”, “Unitatis Redintegratio” e “Nostra Aetate”. Paulo Manna fundou a Obra da União Missionária graças à colaboração de Guido Maria Conforti, bispo de Parma e fundador do Instituto Missionário Xaveriano. O Papa Bento XV aprovou-a, em 30 de Outubro de 1915. Por encargo da “Propaganda Fide”, em 1921 fundou na localidade de Ducenta, Caserta (Itália), o Seminário Meridional para as Missões Estrangeiras e em 1924 foi nomeado Superior-Geral do seu Instituto Missionário.
Em 1926, foi nomeado Superior-Geral do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras. Onze anos mais tarde a “Propaganda Fide” nomeou-o chefe do Secretariado Internacional da União Missionária do Clero, permitindo-lhe retomar o contato directo com o clero italiano e do mundo. Logo após editou o livro “O problema missionário e os sacerdotes”. Enquanto na Itália ainda ocorria a II Gerra Mundial, em 1943 foi nomeado Superior Regional do PIME para a Itália Meridional. Dois anos mais tarde dedicou a sua vida à sua última revista missionária “Venga il Tuo Regno”, destinada às famílias. A Obra da União Missionária ficou conhecida e difundida rapidamente. Tudo isso graças à sua enorme personalidade como escritor. Após a morte de Paulo Manna, em Nápoles, a 15 de Novembro de 1952, a Obra já estava implantada em mais de 50 países. Hoje, são mais de 100, a maior parte nos países onde estão organizadas as Obras Missionárias Pontifícias. A figura do fundador desta Obra Pontifícia pode ser assim resumida: “Um homem com temperamento de fogo que queria realizar a exclamação de Paulo: ‘Ele deve reinar!’ (1 Co 15,25). Convencido de que a salvação das almas constitui a lei suprema e que toda a Igreja deve comprometer-se ao serviço de todos os homens. Ele foi, com sua palavra e com os seus actos, um dos grandes motivadores do renovado impulso missionário dos novos tempos dentro da Igreja”.
Esta Obra é como que a alma das outras Obras, porque as pessoas que a compõem são especialmente capazes de suscitar o espírito missionário nas comunidades cristãs e de incrementar a cooperação missionária. “A União Missionária do Clero deve ter em vista sobretudo a cultura missionária dos sacerdotes a fim de que, com o exemplo e a palavra, se interessem pela Missão e possam iluminar o povo…” (Pe. Paulo Manna). “O número daqueles que ignoram Cristo e não fazem parte da Igreja está em contínuo aumento. Mais ainda, quase duplicou, desde o final do Concílio. A favor desta imensa humanidade, amada pelo Pai a ponto de lhe enviar o seu Filho, é evidente a urgência da missão. Por outro lado, a época que vivemos oferece, neste campo, novas oportunidades à Igreja; a queda de ideologias e sistemas políticos opressivos; o aparecimento de um mundo mais unido, graças ao incremento das comunicações; a afirmação, cada vez mais frequente entre os povos, dos valores evangélicos que Jesus encarou na sua vida: paz, justiça, fraternidade, dedicação aos pequenos; um tipo de desenvolvimento econômico e técnico sem alma, que está criando, em contrapartida, a necessidade da verdade sobre Deus, o homem e o significado da vida.
Deus abre, à Igreja, os horizontes de uma humanidade mais preparada para a semeadura evangélica. Sinto chegado o momento de empenhar todas as forças eclesiais na nova evangelização e na missão ad gentes. Nenhum crente, nenhuma instituição da Igreja pode esquivar-se deste dever supremo: anunciar Cristo a todos os povos.” (RM3) Se teve que sofrer por esta causa, também lhe provocava sofrimentos a verificação da causa da falta de missionários: a ignorância da dimensão missionária dos padres, que, muito absorvidos nas atividades pastorais, não percebem a urgência além de suas fronteiras. Estes factos fizeram conceber, “não sem uma inspiração do alto” (Paulo VI), esta Obra para ser um estímulo a todos os padres para socorrer as necessidades da missão. Em todo este processo de maturação, foi providencial a colaboração do Bispo de Parma, Dom Guido Conforti, fundador dos Xaverianos, que foi o primeiro presidente, no período de 1917-1927. Em 1956, por ocasião dos 40 anos de existência, o mesmo Pio XII a elevou a PONTIFÍCIA. Paulo VI diz que é “a alma das demais Obras Missionárias” e “apta para fomentar principalmente uma intensa espiritualidade missionária” (Graves et Increscentes, 27).
Esta Obra visava, inicialmente, os padres. Pio XII a ampliou para religiosos, religiosas, vida contemplativa e também para aqueles que, de alguma forma, participam na formação e animação missionária das comunidades cristãs. Não é uma Obra para recolher fundos materiais, mas uma escola para a formação do espírito cristão pela vivência do batismo e do crisma, consagração religiosa e presbiteral. Ela ajuda e completa a atividade das Obras Missionárias Pontifícias para que sejam todas escolas de formação missionária e cristã e “manter viva a vocação de toda a Igreja para a missão” (João Paulo II, no 75º aniversário de fundação, 1990).
“À Pontifícia Obra da União Missionária é confiada a tarefa de sustentar a tensão de toda Igreja para a missão. Em vista desta finalidade, exorto-vos a jamais deixardes de vos preocupar com a formação missionária dos sacerdotes, dos membros das comunidades religiosas e dos aspirantes ao ministério sacerdotal e à vida consagrada. A ninguém passa despercebida a importância desta acção formativa” (João Paulo II).
“A Pontifícia União Missionária é um serviço especial das Obras Missionárias Pontifícias que tem como fim a sensibilização, formação e informação missionária dos sacerdotes, dos religiosos e das religiosas, dos aspirantes ao sacerdócio e à vida religiosa, como também de outras pessoas empenhadas na animação e ministério pastoral da Igreja. Resumindo, a União dirige-se a todos aqueles ou aquelas que são chamados a guiar e a animar o Povo de Deus. O resultado da atividade das outras Obras Missionárias Pontifícias dependerá em grande parte da vitalidade da Pontifícia União Missionária, visto que deve-se sobretudo àqueles a quem ela se dirige a existência constante de um vivo espírito missionário nas comunidades cristãs”.
Missionário na Birmânia (Actual Myanmar) Superior Geral do Pontifício Instituto das Missões (PIME) Fundador da União Missionária Pontifícia (UMP) O Bem-Aventurado Padre Paolo Manna, beatificado pelo Papa João Paulo II em 4 de novembro, nasceu em Avellino (Itália), em 16 de janeiro de 1872. Após os estudos fundamentais e técnicos em Avellino e em Nápoles, prosseguiu os seus estudos em Roma. Enquanto frequentava a Universidade Gregoriana para a Filosofia, seguindo o chamado do Senhor, em setembro de 1891 entrou no Seminário do Instituto das Missões Estrangeiras, em Milão, para os cursos teológicos. Em 19 de maio de 1894, recebeu a ordenação sacerdotal na Catedral de Milão. Em 27 de setembro de 1895, partiu para a Missão de Toungoo, na Birmânia Oriental. Trabalhou lá em três períodos ao longo de uma década, até que, em 1907, por doença grave, regressou definitivamente à pátria. A partir de 1909, por mais de quarenta anos, dedicou-se, com todas as suas forças, com os escritos e com as obras, a difundir a ideia missionária entre o povo e o clero. Para “resolver no modo mais radical possível o problema da cooperação dos católicos para com o apostolado”, em 1916, fundou a União Missionária do Clero, elevada por Pio XII a Pontifícia (PUM), em 1956, tornando-se a quarta das Obras Missionárias Pontifícias, ao lado da Obra da Propagação da Fé, da Obra da Infância Missionária e da Obra de São Pedro Apóstolo: estas já Pontifícias, desde 1922.
O seu princípio era que um clero missionário poderia animar todo o povo cristão para a Missão. Hoje a União Missionária do Clero encontra-se difundida em todo o mundo católico e acolhe nas suas fileiras também seminaristas, religiosos, religiosas e leigos consagrados. Diretor da publicação Le Missioni Cattoliche (As Missões Católicas), em 1909, em 1914 fundou a Propaganda Missionaria (Propaganda Missionária), folheto popular de enorme difusão, e, em 1919, também a publicação Italia Missionaria (Itália Missionária), para os jovens. Encarregado pela Sagrada Congregação para a Evangelização dos Povos para um maior desenvolvimento missionário do Sul da Itália, o Padre Manna abriu em Ducenta (Província de Caserta) o Seminário Meridional “Sagrado Coração” para as Missões Estrangeiras, projecto que vinha amadurecendo havia muito tempo. Em 1924, foi eleito Superior Geral do Instituto das Missões Estrangeiras de Milão, que em 1926, na união com o Seminário Missionário de Roma, por vontade de Pio XII, tornou-se o Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME). Por decisão da Assembleia Geral do PIME (1934), em 1936 tomou parte em primeira pessoa na fundação das Missionárias da Imaculada. De 1937 a 1941, dirigiu o Secretariado Internacional da União Missionária do Clero.
Criada em 1943 a Província PIME da Itália Meridional, Padre Manna tornou-se o seu primeiro Superior, transferindo-se assim para Ducenta, onde fundou ainda Venga il Tuo Regno (Venha o Teu Reino), publicação missionária para as famílias. Pe. Manna desenvolveu uma intensa atividade de escritor e difusor, com pequenas publicações e livros, que deixaram uma marca duradoura, como Operarii autem Pauci (Mas os Operários São Poucos), I Fratelli Separati e Noi (Os Irmãos Separados e Nós), propostas inovadoras acerca dos métodos missionários, antecipando o Concílio Vaticano II. Mas, sobretudo, permanece dele o exemplo de uma vida inteiramente animada por uma total paixão missionária, que nenhuma prova ou doença pôde diminuir. Justamente, foi definido por Tragella, seu primeiro biógrafo, Un’Anima di Fuoco (Uma Alma-Fogo). O seu lema até o fim foi: Toda a Igreja para todo o Mundo! Padre Manna morreu em Nápoles, em 15 de setembro de 1952. Os seus restos mortais repousam em Ducenta, no “seu Seminário”, que, em 13 de Dezembro de 1990, foi visitado pelo Papa João Paulo II.
Iniciado em Nápoles em 1971, o processo para a Causa de Beatificação foi concluído, em Roma, em 24 de abril, com o decreto papal sobre o milagre atribuído ao Servo de Deus. Foi beatificado com outros 7 Bem-Aventurados. O Papa, na homilia da Celebração Eucarística disse: “[…] Com as suas existências totalmente consumidas para a glória de Deus e para o bem dos irmãos, eles continuam a ser na Igreja e para o mundo um sinal eloquente do amor de Deus, fonte primeira e fim último de todos os viventes.[…] Também no Padre Paulo Manna nós percebemos um reflexo especial da glória de Deus. Ele consumiu a inteira existência pela causa missionária. Em todas as páginas dos seus escritos sobressai viva a pessoa de Jesus, centro da vida e razão de ser da Missão. Em uma das suas Lettere ai Missionari (Cartas aos Missionários), ele afirma: ‘O missionário, de fato, não é nada, se não se revestir da pessoa de Jesus Cristo.[…] Só o missionário que copia fielmente Jesus Cristo em si mesmo[…] pode reproduzir a Sua imagem nas almas dos outros’ (Lettere 6). Na realidade, não existe Missão sem santidade, como insisti na Encíclica Redemptoris Missio (A Missão do Redentor): ‘A espiritualidade da Igreja é um caminho para a santidade. Faz-se necessário suscitar um novo ardor de santidade entre os missionários e em toda a comunidade cristã’ (RM 90).[…] O exemplo deles e a sua poderosa intercessão proclamam, com efeito, o anúncio da salvação oferecida por Deus a todas as pessoas em Cristo. Acolhamos o testemunho deles, servindo, de nossa parte a Deus, ‘de modo louvável e digno’, para caminhar, assim, sem impedimentos, para os bens prometidos (cf. Colecta). Amém!”.