Joana Bigard
Obra S. Pedro Apóstolo
Joana Bigard nasceu na cidade de Coutances, Normandia, a 2 de Dezembro de 1859. Aos 14 anos já demonstrava interesse em ingressar na vida religiosa. Em sua vida familiar passou por momentos muito trágicos: perdeu o pai, Charles Victor Bigard, quando tinha 19 anos e seu irmão, René, logo depois, aos 28 anos. Aos 23 anos de idade, consagrou a sua vida ao amor e fidelidade a Jesus Cristo. Sofreu muito por causa desta sua consagração.Joana abre-se ao universalismo, buscando ajuda para todos os seminários em terra de missão.
Mãe (Estefânia) e filha (Joana), iniciam peregrinações, de casa em casa e entre conhecidos e amigos, no sentido de conseguir ajuda material e espiritual para esta finalidade. Os trabalhos são desenvolvidos e, dessa forma, mãe e filha, fundam a Obra de São Pedro Apóstolo (1889). Joana passou os últimos 25 anos de vida numa clínica psiquiátrica, onde faleceu, em 1903. Escreveu ela: “Deus me faz pagar caro a honra de ser chamada a ‘mãe dos sacerdotes’. Os queridos seminaristas nunca saberão quanto isso me custou”.
Para os chamados “territórios de missão”, o Papa Inocêncio XI dizia: “Desejo mais a ordenação de um padre nativo que a conversão de 50.000 pagãos”. E Pio VI recomendava aos Vigários Apostólicos: “A abertura de seminários é vosso primeiro e mais nobre dever”. Leão XIII mandou gravar na medalha comemorativa da inauguração do Seminário de Kandy, no Ceilão: “Teus filhos, ó Índia, serão os ministros de tua salvação”. Bento XV expressa com tristeza: “É doloroso que existam regiões nas quais há séculos foi anunciada a fé cristã, contudo ainda não se encontra um clero nativo”. O Espírito Santo suscitou um profeta, uma mulher leiga – Joana Bigard – que, com sua mãe Estefânia, sentem a necessidade da formação do clero nativo, em terras de missão. “Sentiram o chamamento de Deus, diz João Paulo II, e consagraram todos os seus bens, energias e as suas vidas na propagação do Evangelho promovendo a formação de sacerdotes e homens e mulheres consagrados na vida religiosa.
Joana e sua mãe souberam assumir com entusiasmo e tenacidade um instrumento válido para a realização deste nobre compromisso. Conhecem o Evangelho e a história das missões do mundo. Joana, comunica-se com Pe. Villion, grande missionário no Japão e, através deste, com Dom Cousin, bispo de Nagasaki, cuja comunidade era nova e antiga. Nova porque o bispo acabava de congregá-la, antiga porque sua origem remontava a 250 anos, tempos de São Francisco Xavier. A fé foi sendo alimentada de “pai para filho…” durante esses 250 anos. Agora reconhecida a liberdade religiosa, um bispo os congregava. Foi organizado um pequeno seminário com a capacidade para 50 alunos. No dia da inauguração apareceram mais. Escreve uma carta a Joana pedindo-lhe uma ajuda para ampliar o seminário e manter os seminaristas para não ter que dispensar essas vocações. No ano de 1922, Pio XI eleva esta Obra à condição de PONTIFÍCIA e, em 1925, nomeia Santa Teresinha do Menino Jesus, a Padroeira do Clero e das missões
“Esta Obra foi fundada para sensibilizar o povo cristão sobre o problema da formação do clero local nas Igrejas missionárias. A Obra convida a colaborar na formação dos candidatos ao sacerdócio por meio de uma ajuda espiritual e material. Os fundos obtidos com a fundação de bolsas, o pagamento de pensões, e outros donativos, possibilitaram a construção e o desenvolvimento de muitos seminários diocesanos menores e maiores. Desta forma, a Obra contribuiu em grande parte à promoção do clero local. Esta Obra continua desempenhando um papel muito importante. Nestes últimos tempos, a Obra de São Pedro Apóstolo ampliou progressivamente os seus objectivos concedendo também uma ajuda às casas de formação dos aspirantes de ambos os sexos à vida religiosa”. A sensibilização do Povo de Deus sobre a urgente necessidade de presbíteros, religiosos e religiosas para a evangelização nas terras de missão e em todo o mundo e a ajuda espiritual e material para a sua formação são os objectivos específicos desta Obra, no conjunto das Quatro Obras Missionárias Pontifícias.
A Informação-Formação foi a causa da motivação inicial de Joana e que devem ser os elementos de consciencialização hoje de todas as comunidades eclesiais. A Cooperação espiritual, pelo caminho do sacrifício, como Joana experimentou. A oração, o agradecimento e louvor. Ela dizia: “Com imensa alegria a Igreja deve agradecer a Deus o dom inestimável da vocação presbiteral que Ele concede a tantos jovens dos povos recém-evangelizados e convertidos a Cristo”. Cooperação económica: “Não podemos permitir que nenhuma vocação se perca por falta de recursos”, disse João Paulo II. E os frutos aconteceram. Em 1918, nos 50 anos desta Obra, os padres nativos da África eram somente 90. Hoje, entre diocesanos e religiosos ultrapassam 10.000. Na Ásia, o clero nativo não alcançava o número mil. Actualmente, anda próximo dos 25.000. E o que dizer dos missionários da América Latina presentes em outros continentes? Da mesma forma, a presença de evangelizadores africanos, e asiáticos actuando em todas as partes da geografia humana?